segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Tradição - Governador é o primeiro a responder ao censo


Ontem, às 7h30 da manhã, os recenseadores bateram à porta do governador Orlando Pessuti (PMDB) para fazer o início simbólico da coleta de dados do Censo 2010.




Tradicionalmente, os chefes dos executivos locais são os primeiros cidadãos a responder à pesquisa. “A entrevista já é válida para a coleta de dados, e servem para ressaltar a importância de recepcionar bem os recenseadores e responder corretamente às perguntas”, explica Sinval Dias dos Santos, chefe da Unidade Estadual do IBGE no Paraná. Ele próprio conduziu a entrevista com o governador, acompanhado por Edemilson Mainardes, coordenador operacional do Censo 2010 no Paraná.


“Podemos nos surpreender com alguns dados no que diz respeito à movimentação dos paranaenses dentro do Paraná. Como, por exemplo, municípios que tiveram a sua população reduzida e outros, onde houve aumento populacional”, afirmou o governador, segundo a Agência Estadual de Notícias, órgão oficial de comunicação do governo. Ele estava acompanhado da esposa, Regina Pessuti, e do filho Bruno.

Além de atualizar o número de habitantes do Brasil, o Censo 2010 vai revelar o impacto das mudanças socioeconômicas brasileiras nessa última década. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela realização do censo, começou ontem a pesquisa de campo. A estimativa é que sejam visitadas 58 milhões de residências em todo o Brasil – 3,8 milhões no Paraná.


Os recenseadores levam à mão dois questionários. O modelo básico, para contagem populacional, e o modelo para amostragem, que inclui questões mais aprofundadas sobre trabalho e rendimento, posse e qualidade da residência e consumo de bens duráveis. Este questionário levará uma média de 50 minutos para ser respondido, cinco vezes mais demorado que o modelo básico.


O porcentual de pesquisados que irão responder ao questionário de amostragem varia, em escala, conforme o tamanho do município. Em cidades de até 2,5 mil habitantes, 50% da população vai participar da amostragem. Nas cidades acima de 500 mil habitantes, o porcentual da amostra é de 5%. O IBGE estima que os primeiros resultados sejam divulgados em dezembro.


O censo trabalha parcialmente com amostragem por causa da amplitude dos quesitos. Na parte da pesquisa relacionada a trabalho e rendimento, a pesquisa indaga o tipo de ocupação do entrevistado (empregador, empregado, autônomo ou aposentado), o rendimento total, a carga horária e até o tempo de deslocamento diário entre a casa o local de trabalho. O campo “características do domicílio” levanta informações como o material em que a residência foi construída, a quantidade de cômodos, a existência e tipo de rede de esgoto, gás, água e energia elétrica.

“Vale ressaltar que o número da amostra aplicada ao censo é muito superior ao das pesquisas realizadas habitualmente”, destaca Sinval Dias dos Santos, chefe da Unidade Estadual do IBGE no Paraná. “Em uma cidade como Curitiba, as demais pesquisas costumam utilizar uma amostra média de 2 mil domicílios. No Censo, essa amostragem é de 31,5 mil residências na capital do estado”, aponta.

Apenas com a formulação das perguntas já é possível sentir as mudanças socioeconômicas do Brasil na última década. Em 2000, a pesquisa do IBGE perguntava se o entrevistado possuia videocassete e linha telefônica instalada. Para este ano, os itens foram substituídos por telefone celular e computador com internet.

Usos

A demografia econômica revelada pelo censo é usada em análises e destinação de políticas pú¬¬¬blicas pelos governos. “O Fundo de Participação dos Municípios, que constitui a principal fonte de receita para as pequenas cidades, tem o valor dos repasses definido pelos números do censo. Se a pesquisa detectar aumento nos índices populacionais, o município terá um repasse de recursos maior, o que terá impacto positivo na economia local”, explica Santos.

Além disso, os dados econômicos do censo também podem ser aproveitados pelas empresas. “Companhias do setor privado, quando planejam realizar qualquer tipo de expansão, recorrem ao IBGE para saber onde está o seu mercado e público-alvo”, salienta.

O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socio¬¬econômicos (Dieese) é outro órgão que utiliza os números do censo. Dedicado a estudos sobre mercado de trabalho e renda, o Dieese usa a base de dados para fazer projeções sobre empregabilidade. “Como não temos estrutura para fazer uma análise maior, acabamos fazendo leituras a partir dos dados do censo”, explica Sandro Silva, economista do Dieese-PR. “A partir de 2011, vamos analisar os dados regionalizados do Paraná levantados pelo IBGE e programar nossas próprias análises”, adianta.

Silva apenas lamenta a periodicidade do

censo, realizado uma vez a cada dez anos. “Devido à velocidade das mudanças econômicas do país, o ideal seria que houvesse recursos para se fazer um censo a cada cinco anos, pelo menos”, aponta. O custo total previsto para o Censo 2010 é de R$ 1,4 bilhão.

História

O primeiro censo do Brasil, feito no período do imperador Dom Pedro II, dividia a população entre escravos (15%) e libertos (85%). Veja a história do censo no país:

1890

População: 14.333.915

No primeiro censo da República, 83% da população com mais de cinco anos era analfabeta. O porcentual no último levantamento foi de 17%

1900

População: 17.438.434

No início do século, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era de 34 anos. Cem anos depois, chegaria a 67 anos.

1920

População: 30.635.605

Com a imigração no início do século, a população estrangeira chega a 1,6 milhão, ou 5% do total. Em 2000, cairia para 510 mil, ou 0,3% do total 1940 41.236.315 No primeiro censo realizado pelo IBGE, apenas 31% das crianças de 7 a 14 anos estavam na escola. Um dos sucessos do ano foi “Recenseamento”, samba de Assis Valente, na voz de Carmem Miranda.

1950

População: 51.944.397

No ano da Copa do Mundo no Brasil, 94% da população se declarou católica. Em 2000, o porcentual caiu para 74% 1960 70.070.457 Antes da massificação da pílula anticoncepcional, o censo de 1960 registrava em média 6,2 filhos por mulher. Para 2010, a expectativa é de que esta taxa fique abaixo de 2,0.

1970

População: 93.139.037

Em 1970, auge da ditadura militar e período do “milagre econômico”, pela primeira vez, a população urbana chegou a 56% e superou a rural.

1980

População:119.002.706

No censo em que o país rompe a barreira de 100 milhões de habitantes, metade da população tinha 18 anos ou menos. As projeções para o futuro indicam, no entanto, um país cada vez mais envelhecido.

1991

População: 146.825.475

A crise econômica no período Collor atrasou em um ano o censo. Os autodeclarados pretos e pardos representavam 47% da população. Em 2010, devem ser maioria 2000 169.799.170 Fecundidade em queda, aumento das uniões consensuais e crescimento dos evangélicos e sem religião foram algumas das tendências identificadas no Censo 2000.

Fonte: Folhapress/Gazeta do Povo.

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